Na trilha do desenvolvimento - set 2012

O governo federal anarquizou o jogo. Mudou as regras com a partida em andamento, mexeu nas peças do tabuleiro e está colocando em xeque não apenas uma região do Estado de São Paulo, mas um projeto pretensamente de integração e desenvolvimento regional. O novo mapa da malha ferroviária Centro-Sul, divulgado pelo Ministério dos Transportes, traz consigo a alteração do traçado da Ferrovia Norte-Sul, e escancara uma série de dúvidas que o governo lança sobre São Paulo e os Estados do Sul do Brasil. Estamos atentos a isso e fazendo a nossa parte: abrindo a discussão e buscando apoio de todos que estejam engajados na luta pela valorização da malha ferroviária paulista. 

O traçado original da Norte-Sul, que, após passar por Panorama cortava boa parte do Oeste paulista, corria até Maringá, no Paraná, e chegava à cidade de Rio Grande, no extremo do Rio Grande do Sul, foi alterado serpenteando por terras sul-matogrossenses e seguindo novos trajetos em Santa Catarina, Paraná e terras gaúchas. A primeira pergunta é por que mudaram o traçado, que, mesmo de forma enviesada, era resultado de uma discussão regional e fruto de debates. Se por um lado, há nebulosidade no verdadeiro motivo dessa mudança, por outro acendeu a luz de alerta e nos deu novo ânimo para o debate sobre as condições das ferrovias paulistas.

Demos o start a essa discussão, ainda em 2009, quando participamos da CPI das Ferrovias, na Assembleia Legislativa. Na relatoria da Comissão, elaboramos um documento consistente, um verdadeiro raio-X da situação da malha ferroviária paulista, abandonada, depredada e dilapidada pela concessionária. O relatório, enviado ao Ministério Público, à Controladoria Geral da União, ao Tribunal de Contas da União, ao governo paulista, e a diversos outros órgãos, tornou-se até paradigma nas audiências do Senado que discutiam o comando da ANTT. Não se trata aqui de cabotinismo, é antes uma prestação de contas do nosso trabalho.